Menina abraça uma árvore. O futuro precisa ser sustentável.

Todas as atividades humanas têm um impacto no planeta. Estamos consumindo mais recursos naturais do que temos disponíveis. Para atender à crescente demanda de matérias-primas, prejudicamos os ecossistemas com práticas intensivas e poluentes. O futuro do planeta e dos seres humanos depende das decisões que a sociedade e os governos estão tomando agora. Essas decisões também são influenciadas, é claro, pelas escolhas diárias de cada pessoa.

Para enfrentar os problemas ambientais, todos precisam se comprometer a proteger o patrimônio natural mundial. As sociedades conscientes precisam usar as inovações, a tecnologia e a cooperação para seguir em direção a um crescimento sustentável (que respeite o meio ambiente). A próxima década será fundamental para resolver estes problemas. 

A pandemia expôs ainda mais nossas vulnerabilidades. A COVID-19 pode ter servido como um alerta muito caro para a realidade sobre os riscos ambientais com causas relacionadas com o homem. Além disso, os formuladores de políticas estão se tornando cada vez mais conscientes das oportunidades oferecidas por um cenário de recuperação verde de investimento. O desenvolvimento sustentável não deve ser apenas um pilar econômico central, mas pode ser o próprio caminho a seguir. Veja agora 10 importantes questões ambientais que precisamos resolver, ou pelo menos começar a mudar nossa postura sobre cada uma delas, até 2030.

1 – Gestão de resíduos e aumento da população 

A má gestão de resíduos contribui para a mudança climática e para a poluição do ar, além de afetar diretamente muitos ecossistemas e espécies. Os aterros, considerados o último recurso na hierarquia de resíduos, liberam metano, um dos gases do efeito estufa ligado às mudanças climáticas. O metano é formado por microrganismos presentes em aterros a partir de resíduos biodegradáveis, como alimentos, papel e resíduos de jardim. Dependendo da forma como são construídos, os aterros também podem contaminar o solo e a água.

Parte dos resíduos pode ser incinerada ou reciclada. A energia do lixo pode ser usada para produzir calor ou eletricidade, que pode então substituir a energia produzida com carvão ou outros combustíveis. A recuperação energética dos resíduos pode, portanto, ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A reciclagem pode ajudar ainda mais a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e outras emissões, sendo a melhor alternativa. Quando materiais reciclados, como, por exemplo, o plástico, substituem materiais novos, menos matéria-prima virgem precisa ser extraída ou produzida.

Os resíduos impactam o meio ambiente indiretamente também. O que não é reciclado ou recuperado dos resíduos representa uma perda de matéria-prima e demais insumos utilizados na cadeia, ou seja, nas fases de produção, transporte e consumo do produto. Os impactos ambientais na cadeia do ciclo de vida são significativamente maiores do que apenas nas fases de gestão de resíduos.

Jogar fora desperdiça recursos. Desperdiça a matéria-prima, energia usada na fabricação dos itens e desperdiça dinheiro. Reduzir o desperdício significa menos impacto ambiental, menos recursos ​​e mais economia.  A ONU prevê que a população mundial passe de 8,5 bilhões de pessoas em 2030. Precisamos reduzir consideravelmente a geração de resíduos por meio de atividades de prevenção, redução, reciclagem e reutilização próprias do sistema conhecido como economia circular para minimizar o impacto no meio ambiente.

2 – Poluição dos oceanos

Nossos oceanos e litorais são mundos complexos, com vida própria. É necessário desenvolver a governança sustentável de nossas costas. A preocupação com a custódia do litoral e em garantir futuro sustentável para os oceanos começou assim que os mares começaram a apresentar uma grande quantidade de resíduos plásticos.

Alguns ecossistemas, como os marinhos e costeiros, podem ser severamente afetados pelo gerenciamento inadequado de resíduos ou pelo lixo. O lixo marinho é uma preocupação crescente, e não apenas por razões estéticas: o emaranhamento e a ingestão de lixo por animais constituem ameaças graves para muitas espécies marinhas. Mais do que uma questão apenas do lixo plástico, a questão do lixo marinho é uma questão de gestão de resíduos que passa pelo que foi dito no item anterior: é preciso fazer redução, reciclagem e reutilização para evitar que estes materiais cheguem aos oceanos.

Além disso, existem outros graves problemas ecológicos relacionados aos mares, como a deterioração dos ecossistemas pelo aquecimento global, derramamentos de óleo, as águas residuais e os produtos químicos perigosos entrando em nossos cursos de água. A ONU também pede como melhoria a redução da sobrepesca, da poluição e da acidificação dos oceanos causada pelo aumento da temperatura terrestre.

3 – Poluição do ar

O ar que respiramos nas grandes cidades está com uma qualidade péssima.  De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a poluição do ar mata aproximadamente 7 milhões de pessoas no mundo por ano. Com essas milhares de mortes atribuídas a este problema, monitorar a qualidade do ar passou a ser uma necessidade para proteger nossa saúde e o meio ambiente.

Os países asiáticos são os que mais enfrentam desafios da qualidade do ar. Cerca de um terço, ou 2,2 milhões das 7 milhões de mortes no mundo a cada ano por poluição do ar ocorrem na Região do Pacífico Ocidental. São 2,3 bilhões de pessoas na região expostas a níveis de poluição do ar várias vezes superiores aos da diretriz da OMS para que o ar seja considerado seguro. Essa poluição está diretamente ligada às indústrias. São as áreas urbanas fortemente industrializadas e com altas densidades populacionais que apresentam os mais altos níveis de poluição do ar.

Também segundo a OMS aproximadamente 90% da humanidade respira ar poluído, o que contribui muito para o aumento do índice de doenças respiratórias. O ar também influencia na questão da água. Uma redução nas emissões de partículas de poluição no ar retardaria o derretimento de geleiras e campos de neve. Isso reduziria o risco de desastres relacionados a inundações de erupções de lagos glaciares e ajudaria a mitigar a insegurança hídrica para bilhões de pessoas.

5 – A transição energética e as energias renováveis

A transição energética é um caminho para a transformação do setor energético global de carbono fóssil para carbono zero. Em seu centro está a necessidade de reduzir as emissões de CO₂ relacionadas à energia para limitar as mudanças climáticas. A descarbonização do setor de energia é urgente e precisa ser feita em escala global. A energia renovável e as medidas de eficiência energética podem potencialmente atingir 90% das reduções de carbono necessárias. Porém, ao mesmo tempo que a energia significa 60% de todas as emissões mundiais de gases de efeito estufa, segundo a ONU 13% da humanidade não tem eletricidade e 3 bilhões de pessoas ainda dependem dos combustíveis fósseis para cozinhar. 

Esta situação exige uma transição energética para um modelo mais limpo, acessível, eficiente e baseado no uso de fontes renováveis. As oportunidades de investimentos sustentáveis ​​na infraestrutura brasileira são abundantes, principalmente nas áreas de geração de energia, por exemplo, em parques eólicos e solares. Para reduzir a dependência da energia hidrelétrica, que é mais prejudicial ao meio ambiente e tem menor eficiência energética, poderíamos, por exemplo, investir em melhores linhas de transmissão.

6 – As mudanças climáticas

Os gases responsáveis pelo efeito estufa, como o CO₂, por exemplo, são a principal causa das mudanças climáticas. Esses gases capturam o calor do sol e aquecem a superfície da Terra. A previsão é de que nosso planeta sofrerá tremendamente com o aquecimento global nos próximos anos. Segundo a ONU, essas emissões de CO₂ aumentaram em 50% desde 1990 e isso, além de acelerar mudanças climáticas, está ameaçando a sobrevivência de milhões de animais, pessoas e plantas. 

As mudanças climáticas também são responsáveis por fenômenos como o aumento de incêndios, as secas e as inundações, além do aumento da temperatura terrestre. Para tentar resolver este problema, muitos países e mais de 100 cidades, incluindo algumas das maiores do mundo, firmaram o Acordo de Paris em 2015 para combater a crise climática. O Brasil aderiu ao acordo, entretanto, infelizmente, retrocedeu em sua meta de redução no atual governo. De acordo com a proposta apresentada pelo governo vigente, o país chegará em 2030 emitindo mais do que o que havia sido prometido pelo próprio Brasil e violará as regras do Acordo de Paris. O Brasil, portanto, neste momento anda para trás na agenda ambiental neste e em outros aspectos como o desmatamento, por exemplo. 

7 – Um modelo alimentar sustentável

Não importa onde você compra sua comida ou o que você escolhe comer, sua dieta terá um impacto significativo no meio ambiente. De vegetais a carne e tudo mais, não há como evitar a pegada que nossa comida cria à medida que é cultivada, colhida e transportada. Pior ainda, a agricultura moderna e as práticas agrícolas estão poluindo nosso ar e nossa água, ao mesmo tempo que invadem habitats ambientalmente significativos. Para as pessoas que se esforçam em reduzir seu impacto ambiental, as perspectivas podem parecer sombrias para o sistema alimentar moderno. No entanto, ainda há coisas que qualquer pessoa pode fazer para ajudar a reduzir sua pegada de carbono, como consumir uma dieta mais sustentável e apoiar melhores maneiras de produzir e comprar alimentos.

 A produção intensiva de alimentos, por exemplo, tem consequências ruins para o meio ambiente, como empobrecer os ecossistemas marinhos e o solo. Além disso, a exploração excessiva dos recursos naturais colocou em perigo a segurança alimentar e o abastecimento de água potável. Segundo a ONU precisamos mudar nosso modelo produtivo e nossos hábitos alimentares. Uma dica é apostar em uma dieta com alimentos locais e mais vegetariana para poupar emissões de CO₂ e energia.

8 – Perda da biodiversidade

A biodiversidade apoia o fornecimento de alimentos, ar puro, água, energia e matérias-primas, serve à nossa saúde e impulsiona nossa economia.  No entanto, a biodiversidade está ameaçada e o impacto de sua perda vai muito além da natureza: ela afeta negativamente nossas sociedades e negócios. Atualmente 8% das espécies animais conhecidas já desapareceram e 22% estão em perigo de extinção.

Para proteger a biodiversidade é importante saber que existem milhares de espécies de plantas que podem ser cultivadas de forma sustentável. Respeitar a biodiversidade também significa escolher e reconhecer frutas e vegetais da estação. É por isso que ler sobre as propriedades dos alimentos, a forma como foram produzidos e certificar-se de que todos pertencem a uma pequena cadeia de abastecimento é tão importante. Outra forma de proteger a biodiversidade é conhecer e apoiar parques e reservas nacionais.

9 – Transporte nas grandes cidades

Com o crescimento excessivo das cidades teremos aproximadamente 5 bilhões de pessoas vivendo em áreas urbanas até 2030. Fazer com que esses espaços comportem tanta gente será um dos grandes desafios ambientais da década. Os meios de transporte que usamos em nossas viagens diárias são uma das principais causas da poluição do ar e das emissões de CO₂ nas cidades. Optar por formas sustentáveis de se mover e escolher formas de energia limpa são escolhas que as pessoas com consciência ambiental podem fazer. 

Quanto à mobilidade, as fontes poluentes estão sendo substituídas pela tecnologia híbrida e inovadora do hidrogênio nos transportes públicos e também nos veículos particulares. Até agora, foram a escassez de postos de abastecimento e os altos preços que impediram a disseminação de automóveis movidos a fontes alternativas, movidos a eletricidade e hidrogênio. Mas a tendência que se apresentou até agora como solução mais adequada para a mobilidade sustentável é essa mudança de fonte de combustível e de comportamento (priorizar o transporte público, a bicicleta, etc.).

As metrópoles do futuro precisarão ser mais ecológicas, eficientes em termos energéticos, com mais áreas verdes, com meios de transporte mais sustentáveis e, simultaneamente, compactas. Embora o compartilhamento de caronas tenha aumentado em popularidade nos últimos anos, uma mudança mais ampla na mentalidade dos motoristas é necessária para ampliar seus benefícios, incluindo menos tráfego, emissões mais baixas e áreas urbanas recuperadas. Ou seja, mais do que mudar o combustível, diminuir o uso do carro.

10 – Escassez de água

A água cobre 70% do nosso planeta, porém a água que bebemos, tomamos banho, irrigamos nossos campos e usamos para tudo que precisamos é muito rara. Somente 3% da água do planeta é doce, e dois terços dela estão escondidos em geleiras ou não estão disponíveis para uso. O resultado disso é que, aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água e um total de 2,7 bilhões encontra escassez de água por pelo menos um mês do ano.

O saneamento inadequado leva 2,4 bilhões de pessoas a serem expostas a doenças, como cólera e febre tifoide, e outras doenças transmitidas pela água. Dois milhões de pessoas, a maioria crianças, morrem de doenças diarreicas anualmente. Muitos dos sistemas de água que alimentam uma crescente população humana estão estressados. Hoje, 41% da população mundial vive em bacias hidrográficas que estão sob estresse hídrico. A preocupação com a disponibilidade de água cresce à medida que o uso de água doce continua em níveis insustentáveis. Além disso, esses novos rostos também precisam de comida, abrigo e roupas, resultando em pressão adicional sobre a água doce.

Rios, lagos e aquíferos estão secando ou se tornando muito poluídos para serem usados. Mais da metade das áreas úmidas do mundo desapareceram. A agricultura consome mais água do que qualquer outra fonte e desperdiça grande parte por causa de ineficiências. A mudança climática está alterando os padrões do clima e da água em todo o mundo, causando escassez e secas em algumas áreas e inundações em outras. Em 2025, dois terços da população mundial podem enfrentar escassez de água. E os ecossistemas em todo o mundo sofrerão ainda mais.

Uma série de soluções ambientais, econômicas e de engenharia foram propostas ou implementadas em todo o mundo. A preservação e restauração de ecossistemas que naturalmente coletam, filtram, armazenam e liberam água, como pântanos e florestas, é outra estratégia fundamental na luta contra a escassez de água. A agricultura industrial é um dos principais contribuintes para a poluição da água por escoamento de pesticidas, fertilizantes e dejetos de animais. As políticas que incentivam a agricultura orgânica e outras práticas agrícolas sustentáveis ​​servem para proteger as fontes de água dos poluentes agrícolas. As fontes industriais de poluição da água são geralmente mais facilmente reguladas como fontes pontuais de poluição.

Uma mudança cultural é necessária para transformar o futuro

A mudança comportamental está no centro do desenvolvimento da sustentabilidade global. Inovações para sustentabilidade sem mudança social não terão o impacto de que precisamos para frear o aquecimento global. 

É preciso evoluir a forma como inovamos, trabalhamos, financiamos e discutimos sustentabilidade. Abrir o caminho para o investimento verde não é apenas uma possibilidade atraente, é uma necessidade crescente. Aproveitando ao máximo suas vantagens naturais, o Brasil pode muito bem se tornar o principal destino de fontes sustentáveis ​​de financiamento.