Ao pesquisar na internet, encontramos artigos apontando todas as consequências negativas do plástico para a vida humana, como a poluição dos mares e a contaminação por microplásticos.

Os estudos sobre os impactos do plástico geralmente abordam apenas pontos específicos do ciclo de vida do material. Essas lacunas de conhecimento não consideram os benefícios do plástico, nem mesmo os pontos desse ciclo que podem ser melhorados.

Quais são os riscos dos processos de reaproveitamento atuais?

As indústrias de incineração afirmam que durante o processo são usadas tecnologias de controle de emissão altamente avançadas que reduzem o impacto ao clima. No entanto, evidências demonstram danos a curto e longo prazo resultantes da incineração de resíduos e subprodutos plásticos.

Entre as emissões atmosféricas provocadas por essa prática, podemos citar: metais (mercúrio, chumbo e cádmio), orgânicos (dioxinas e furanos), gases ácidos (dióxido de enxofre e cloreto de hidrogênio), partículas (poeira e areia) óxidos de nitrogênio e monóxido de carbono.

Reciclagem química

A reciclagem química é outro caminho apontado como solução viável para reduzir o desperdício do plástico, processo que pode ser definido como a transformação do plástico em seus componentes básicos com a finalidade de reproduzir os mesmos materiais.

Embora ainda existam dúvidas quanto à toxicidade das emissões fugitivas do tratamento de temperatura, vários produtos termoquímicos e emissões catalíticas estão sendo explorados.

Muitas vezes, o termo é usado para definir a transformação do plástico em combustível, embora esse processo também carregue as mesmas preocupações relacionadas à emissão de gases tóxicos ao meio ambiente.

Matéria-prima para pavimentação

Nos últimos anos, iniciativas que transformam o plástico em material para construção civil ou para a pavimentação de ruas e estradas têm surgido como solução para aproveitar as cinzas da incineração em outros materiais como concreto, por exemplo.

Embora o nível de toxicidade desses processos ainda esteja sob estudos, alguns riscos relacionados ao aquecimento do plástico já são conhecidos, como as substâncias liberadas no aquecimento de PP, PS e PE.

Como aproveitar o plástico, sem que os processos agridam o meio ambiente?

A necessidade de abordar a poluição plástica e suas incertezas associadas é urgente, mas debates sobre o assunto só atingiram o estágio de mudança de clima global em 1992. Há uma necessidade latente de ações globais e identificação de opções, mas as discussões são lentas, com poucos compromissos concretos.

Abandonar esses processos é a melhor resposta? De maneira alguma. O plástico é importante para a nossa sociedade em diversos aspectos. A solução é lidar de maneira mais clara em relação aos impactos, a fim de mapear e reduzir possíveis danos, além de pensar em políticas capazes de dar a destinação correta aos resíduos.

Priorizar a saúde e os direitos humanos

Em todas as fases do ciclo de vida do plástico, as soluções devem ser pautadas no respeito aos direitos humanos e a um ambiente saudável. Apesar das incertezas quanto ao real impacto do material, as informações existentes já justificam uma abordagem mais consciente quanto ao ciclo de vida do plástico.

Tornar o invisível, visível

Enfrentar a poluição plástica exige adoção e adaptação de marcos legais, para garantir o acesso às informações sobre substâncias petroquímicas em produtos e processos, bem como mais pesquisas independentes para preencher lacunas de informação atuais e futuras.

Aumentar a transparência

Ao identificar, projetar e implementar soluções possíveis para a poluição plástica, transparência é a chave do sucesso. Ela é necessária para identificar a natureza e a amplitude da exposição ao material tóxico, bem como avaliar e prevenir possíveis efeitos adversos na saúde e no meio ambiente causados por tecnologias apontadas como soluções para o problema da poluição plástica.

Pense globalmente, aja em todos os lugares

A produção, uso e descarte do plástico são entrelaçados ao redor do mundo em cadeias de suprimento que cruzam e recruzam fronteiras, continentes e oceanos. Até o momento, os esforços para abordar o impacto do plástico na saúde foram ignorados. Como resultado, as iniciativas bem-sucedidas localmente são prejudicadas pelo surgimento de novos tipos de plástico, novas vias de exposição e novos aditivos.

Até que os esforços a níveis governamentais reconheçam todo o ciclo de vida do plástico, a abordagem atual, fragmentada, não será bem sucedida para lidar com a poluição.

Alguns dos fatores que justificam o  fracasso dos esforços para lidar com a questão são: a escala e a complexidade dos impactos, limitações dos sistemas de avaliação de riscos, efeitos cumulativos desconhecidos, dados de exposição limitados, cadeias de suprimento longas e complexas.

Mesmo com os poucos dados disponíveis, é essencial contar com ações globais para a abordagem correta em relação ao uso dos plásticos e tratamento adequado dos resíduos. Voltando o foco para essa questão, em vez de classificar o material como inadequado para o uso, é possível aprofundar as informações sobre o assunto e adotar um uso mais consciente do material, alinhado à economia circular.

Fonte:

https://www.ciel.org/wp-content/uploads/2019/02/Plastic-and-Health-The-Hidden-Costs-of-a-Plastic-Planet-February-2019.pdf