Nos dias de hoje, é comum as pessoas proclamarem que estão abrindo mão do plástico. Basta navegar pela web e você encontrará diversos conselhos sobre como viver sem plástico, incluindo blogs, livros e lojas online que vendem produtos alternativos. A legislação no Capitólio dos EUA chegou a adotar o nome de “Lei de Liberação do Plástico”, como se os consumidores estivessem prisioneiros de um estilo de vida repleto de plásticos e apenas uma regulamentação governamental rigorosa pudesse nos libertar disso.

Embora haja boas intenções por trás desses esforços — como o desejo de reduzir a poluição dos oceanos e os impactos negativos sobre a vida selvagem — é improvável que eles resolvam problemas reais. Além disso, dois projetos de lei atualmente no Congresso — a Lei de Liberação do Plástico e a Lei de Liderança Climática e Ação Ambiental para o Futuro da Nossa Nação — vão a tal extremo que poderiam destruir a indústria de plásticos dos EUA. Indivíduos, é claro, devem ser livres para reduzir o uso de plásticos em sua vida pessoal, mas os legisladores precisam avaliar o que está em jogo antes de aprovarem uma legislação que possa prejudicar — e potencialmente destruir — toda a indústria de plásticos dos EUA e todos os empregos que ela sustenta.

O que está em jogo em um mundo “sem plásticos”

Miranda Marcus, engenheira de soldagem de plásticos em uma empresa chamada EWI, explica apenas alguns dos muitos desafios e sacrifícios que as pessoas teriam que fazer se eliminássemos todos os plásticos. Os automóveis se tornariam muito mais pesados, lentos, menos eficientes em termos de combustível e passariam a rodar com pneus de madeira ou metal, que desgastariam as estradas e rodovias.

Sem o silício, desapareceriam os computadores compactos e dispositivos portáteis, pelo menos até que “daqui a algumas décadas” os engenheiros conseguissem “encontrar uma solução”.

Além disso, haveria mais mortes, pois os procedimentos médicos se tornariam mais caros e as doenças se espalhariam mais facilmente. As conexões de internet seriam altamente instáveis e a infraestrutura básica que mantém nossos serviços públicos em funcionamento se tornaria mais cara, de qualidade inferior e, eventualmente, falharia.

Seus exemplos destacam muitos benefícios que as pessoas não sabem que são possíveis graças ao uso do plástico. Na verdade, a invenção desse material abriu a porta para melhorias antes inimagináveis no bem-estar humano, possibilitando uma vasta gama de tecnologias que salvam, prolongam e aprimoram a vida, como celulares, marcapassos, embalagens alimentícias sanitárias e muito mais.

Plástico para sobrevivência

Até mesmo os produtos plásticos mais simples podem gerar benefícios profundos. Na África, por exemplo, a introdução de um simples balde de plástico alivia grandes dificuldades para algumas das pessoas mais pobres do mundo. Stephen Fenichell, em *Plastic: The Making of a Synthetic Century* (Plástico: A Criação de um Século Sintético), explica:

“Você não pode sobreviver nos trópicos sem água; a escassez é sempre aguda. E assim a água precisa ser transportada por longas distâncias, frequentemente dezenas de quilômetros. Antes da invenção do balde de plástico, a água era transportada em pesadas vasilhas de barro ou pedra. A roda — e os veículos que a utilizam — não eram uma parte familiar da cultura africana; tudo era transportado na cabeça, incluindo as pesadas vasilhas de água. Na divisão do trabalho doméstico, era tarefa da mulher buscar água. Uma criança seria incapaz de levantar uma vasilha. A pobreza aguda significava que poucas famílias podiam arcar com mais de uma vasilha.”

O aparecimento dos baldes de plástico foi um milagre. Para começar, é relativamente barato (embora, em algumas famílias, seja a única posse de valor), custando cerca de dois dólares. É leve e vem em diferentes tamanhos: até uma criança pequena pode carregar alguns litros.

Os plásticos são essenciais para a medicina moderna 

O número de produtos plásticos dos quais os profissionais de saúde dependem é imenso. Sem eles, a medicina seria menos avançada, mais cara e menos acessível a muitas pessoas. Outros materiais, incluindo vários metais, também desempenham um papel, mas os plásticos se tornaram indispensáveis para a medicina. A leveza e a durabilidade tornam os plásticos  particularmente valiosos para aplicações de saúde domiciliar que dependem de equipamentos portáteis.

Especificamente, os plásticos compõem, ou fazem parte de, muitos produtos médicos vitais, incluindo:

  • Máquinas como scanners de ressonância magnética, mamógrafos e equipamentos de raios-X;  
  • Dispositivos usados dentro ou conectados ao corpo humano, como marcapassos, stents e membros protéticos;
  • Itens básicos, mas essenciais, como tubos, bolsas de sangue, luvas, máscaras, jalecos hospitalares, cateteres e muito mais.  

Os plásticos também são cruciais para muitas inovações médicas, como impressoras 3D, que agora tornam possível que as instituições médicas atendam às necessidades essenciais sob demanda, incluindo a fabricação de próteses personalizadas.

No seu livro *Plastics*, Norman Finkelstein destaca muitas outras invenções desse tipo. Ele observa, por exemplo, como os curativos plásticos de coagulação sanguínea param rapidamente o sangramento em uma emergência. Esses curativos são particularmente valiosos para os soldados, pois, no passado, “cerca de 50% daqueles que morriam no campo de batalha” sangravam até a morte em questão de minutos. “Hoje, novos curativos plásticos de coagulação sanguínea salvam vidas no campo de batalha”, ele observa. Finkelstein também destaca um produto conhecido como Plasti-Bone, que pode substituir e ajudar a regenerar ossos perdidos por lesão. Trata-se de um material poroso por onde o osso anexado crescerá e se alimentará, até que um novo osso natural ocupe o lugar do Plasti-Bone.

Conhecendo essas aplicações, fica fácil entender a importância do plástico e porquê eliminá-lo é um grande erro. Qualquer legislação de cunho ambiental deve avaliar todos os aspectos do uso de um material, prevendo implicações de uma proibição em diversas áreas.

Fonte:

https://cei.org/studies/the-immeasurable-benefits-of-plastics-to-humanity