A mudança climática resultante do aumento do efeito estufa traz consequências não só para os cidadãos e para o meio ambiente; as empresas também sofrem os impactos das transformações no planeta.

Alterações no volume das precipitações e secas extremas influenciam o aumento dos custos operacionais e impõem condições, muitas vezes críticas, às comunidades ao redor das instalações corporativas.

Para que consigam manter as atividades e prosperar em um futuro próximo, as organizações precisam desenvolver resiliência e criar condições de adaptação às mudanças climáticas, principalmente as que dizem respeito à água, considerada o “calcanhar de Aquiles” de todas as transformações ambientais que a Terra vem sofrendo. 

Entre as consequências negativas que os impactos ambientais relacionados à água podem gerar para as empresas, podemos citar:

  • tempestades que danificam instalações, infraestrutura e equipamentos de transporte/energia;
  • inundações provocadas por chuvas intensas, que quando ocorrem na região em que a organização está instalada, interrompem a produção;
  • secas que reduzem a disponibilidade e/ou aumentam os custos de recursos naturais e de insumos;
  • maior competição por recursos naturais, gerando conflitos com a comunidade local, interrupções de produção e encalhe de ativos.

Para alcançar a adaptação aos riscos climáticos relacionados à água, além de melhorar a eficiência no uso desse recurso tão importante, é preciso estabelecer e executar estratégias capazes de contornar problemas, o que envolve:

  • administrar os riscos climáticos físicos existentes;
  • responder a novos riscos climáticos físicos;
  • adaptar-se às mudanças de mercado provocadas pelos impactos físicos e atender às necessidades de mercado resultantes.

O que grandes empresas estão fazendo?

Percebendo a necessidade de avaliar e de reagir adequadamente diante dos riscos climáticos relacionados à água, algumas empresas adotaram estratégias para o desenvolvimento de resiliência nas áreas em que os impactos das mudanças são percebidos com mais intensidade.

A L´Oréal desenvolveu um mapa global de riscos de mudanças climáticas com todas as atividades e áreas de atuação, além de um plano de continuidade de negócios para gestão de crises e recuperação. O objetivo é contornar os prejuízos nas operações provocados pelos riscos físicos das mudanças climáticas.

Além disso, a empresa conta com um programa de seguro contra ameaças naturais que avalia a vulnerabilidade dos locais de produção e os eventos climáticos extremos, permitindo a priorização de ações preventivas.

A Olam, empresa global de agronegócio, reconheceu a crise hídrica como um risco comercial para os negócios. Para contornar as secas da região, a empresa desenvolveu um programa de melhoramento seletivo para a produção de cebolas com menor teor de água.

Bacias saudáveis

Os recursos das bacias hidrográficas das quais as empresas dependem também devem estar protegidos para que os riscos hídricos sejam mitigados. Para isso, é essencial promover a proteção dos pântanos, florestas, terras altas e outros ecossistemas cruciais na garantia de abastecimento de água confiável e para a redução dos riscos de inundações.

A Volkswagen conta com uma unidade em Vale Puebla-Tlaxcala, região do México que sofre com a insuficiência no abastecimento de água. A fim de contornar o problema, a empresa realizou parcerias e colaborou com a restauração de ecossistemas. As iniciativas viabilizaram a plantação de 300 mil pinheiros, a escavação de 21 mil poços e o desenvolvimento de 100 bancos de terra voltados para a retenção de água da chuva e para a infiltração nas camadas mais profundas do solo.

Como consequência, houve um maior sequestro de CO2, melhora das condições da fauna nativa e suprimento adicional do lençol freático que apoiará as operações de longo prazo da empresa.

Cadeias de suprimentos

A Illovo, empresa subsidiária da Associated British Foods, é composta principalmente por agricultores de cana-de-açúcar independentes na África. A ameaça de escassez de água motivou a organização a financiar o Sistema de Gestão de Fazendas de Cana-de-Açúcar Sustentáveis (Susfarms), que tem como princípios fundamentais conservar ativos naturais, manter serviços de ecossistemas críticos e usar recursos agrícolas de forma sustentável. O Susfarms conseguiu reduzir os impactos à biodiversidade e à saúde dos ecossistemas.

O aumento da resiliência necessário para que as empresas consigam lidar com as mudanças climáticas e os impactos dessas transformações nos recursos hídricos requer compreensão dos problemas atuais, planejamento e execução de soluções, além da preparação financeira da empresa para lidar com possíveis dificuldades.

Essas ações devem ser realizadas com urgência, considerando que as preocupações atuais em relação à crise hídrica não acompanham a rapidez com que as mudanças que culminarão nessa crise acontecem de fato.

O setor privado precisa considerar os impactos físicos do clima, além de suas operações e limites, investindo em soluções para enfrentar os problemas e realizando parcerias com outras empresas para o desenvolvimento e implementação dessas saídas. A adaptação não é só uma resposta emergencial com o objetivo de reduzir os riscos para a empresa, mas também uma fonte de oportunidades.

Fonte:

https://d15k2d11r6t6rl.cloudfront.net/public/users/Integrators/7ba73aaa-3da9-4cf1-abf2-ccc85dea5875/uid_3084837/UNGlobalWaterResilience_portugues_v05.pdf