O sistema econômico atual depende do acesso a recursos de baixo custo e facilmente disponíveis. Os resíduos que se acumulam nos mares e aterros são um forte sintoma do modelo “pegue, use e jogue fora”, também conhecido como economia linear.

Entre as características das embalagens plásticas descartáveis, podemos citar a leveza, flexibilidade e baixo preço. Elas poderiam ser reutilizadas muitas vezes, mas são dispensadas rapidamente e de maneira imprópria, aumentando o volume de lixo.

A Ásia está no centro da crise global de poluição plástica resultante da economia linear. Em 2015, a Ocean Conservancy estimou que até 60% da poluição plástica marinha vem de cinco países da Ásia: Filipinas, Indonésia, Tailândia, Vietnã e China.

Uma solução para reduzir o lixo formado por embalagens descartáveis é a transição para uma economia circular. Esse modelo redefine os padrões atuais de produção e consumo, para que o crescimento empresarial apoie benefícios econômicos, sociais e ambientais positivos ao longo das cadeias de suprimentos, modelos de negócios e ciclos de vida, desde a escolha de matérias-primas, design de produtos/serviços, até a reciclagem.

Como na economia linear, uma economia circular visa atender às necessidades humanas básicas e gera benefícios econômicos, mas deixa impacto ambiental mínimo.

A gestão eficaz de recursos em uma economia circular pode criar de 9 a 25 milhões de empregos. Investidores privados podem economizar até US$2,9 trilhões por ano até 2030, como resultado da redução dos custos de matérias-primas e da promoção de emprego e inovação.

Podemos citar 5 abordagens capazes de impulsionar essa mudança.

Aumentar investimentos em sistemas e infraestrutura gestão de resíduos sólidos

Uma solução é digitalizar processos na cadeia de valor dos resíduos. No Desafio Digital do ADB para Digitalização da Coleta, Manuseio, Rastreamento e Reciclagem de Resíduos até o Descarte, o grupo vencedor demonstrou como seu aplicativo integra dados do Sistema de Informação Geográfica de alto nível, engajamento comunitário, transparência e empoderamento das mulheres, levando a maiores receitas para pessoas em situação econômica vulnerável.

Fortalecer políticas governamentais e regulamentações

Precisamos de incentivos para transformar a forma como embalagens e produtos plásticos são projetados, usados e reciclados.

O governo da Indonésia estabeleceu uma meta ambiciosa de reduzir em 70% os resíduos plásticos no mar até 2025. A reformulação de produtos e embalagens plásticas para reutilização ou reciclagem de alto valor é uma das cinco estratégias de seu Plano de Ação sobre Detritos Marinhos. 

Neste projeto, há também o desenvolvimento de uma escola referência em design de embalagens, que reunirá governo, empresas e instituições de ensino, para garantir que as embalagens sejam adaptadas às necessidades específicas de sistemas emergentes de coleta e reciclagem de resíduos.

Impulsionar o engajamento das partes interessadas e introduzir práticas de economia circular

Várias alianças e coalizões envolvendo organizações da sociedade civil, empresas, coletores de resíduos, recicladores e governos foram formadas nos níveis nacional, regional e global para alcançar metas de redução e reciclagem de resíduos, como a Global Plastic Action Partnership, National Plastic Action Partnership, Alliance to End Plastic Waste, Break Free from Plastic, e Thailand’s Public-Private Partnership for Plastic and Waste Management.

Repensar os modelos atuais de delivery e investir em inovação, projetos-piloto e demonstrações

Em muitos países da Ásia, produtos de cuidado pessoal de limpeza doméstica vêm em sachês de uso único. Estima-se que, nas Filipinas, ocorra o descarte de 163 milhões de sachês por dia.

Em 2018, o projeto Sea Waste Education to Eradicate Plastic (SWEEP) lançou um piloto de sistemas de microrrecarga em oito pequenas lojas de conveniência nas Filipinas. Produtos para o lar como amaciante de roupas, óleo de cozinha, vinagre e molho de soja foram dispensados em recipientes reutilizáveis ou reaproveitados em volumes incrementais, com preços semelhantes aos produtos em sachês de uso único. Em apenas sete meses, o projeto de demonstração foi capaz de impedir o uso e o descarte de 45.000 peças de plástico.

Aprender com os outros

A economia circular é um território desconhecido para muitos governos e organizações, mas existem estudos de casos bem-sucedidos e modelos de trabalho para se inspirar. A China avançou significativamente nesse aspecto

Desde 2016, seu plano de responsabilidade ampliada do produtor tem envolvido as indústrias de eletrônicos, automóveis, baterias de chumbo-ácido e embalagens. A lei exige que os produtores estabeleçam um sistema de reciclagem que troque produtos usados ou no fim de sua vida útil pelos mesmos produtos ou por outros. A quantidade de materiais recuperados e reciclados deve corresponder ao volume de vendas dos produtores.

A transição para uma economia circular deve ser feita o mais rapidamente possível, para garantir um planeta saudável para nossos filhos e netos. Com a quantidade de lixo descartada diariamente, pensar em soluções para o uso mais inteligente do plástico deve ser uma meta priorizada por cientistas, governos e empresas.

Fonte:

https://www.adb.org/news/features/circular-economy-sustainable-plastic-future