Todos nós já ouvimos falar sobre a importância da gestão adequada de resíduos sólidos. Ainda assim, a maioria de nós não sabe para aonde vai nosso lixo, ou, mais especificamente, os impactos negativos que surgem de quando o descartamos de forma inadequada.  Já falamos aqui no blog sobre reciclagem, sustentabilidade, logística reversa e economia circular. Vamos saber um pouco mais sobre o destino dos resíduos sólidos?

Afinal, o que é o lixo?

Lixo é tudo aquilo que não é aproveitado por qualquer atividade humana ou animal, que é abandonado como indesejado e inútil. Também é chamado de resíduo sólido. Geralmente, o lixo é gerado a partir de atividades industriais, residenciais e comerciais e pode ser tratado de várias maneiras.

Os resíduos podem ser classificados em:

  • Secos: plástico, vidro, metal e papel;
  • Úmidos: restos orgânicos
  • Perigosos: pilhas, baterias, aparelhos eletrônicos, entre outros;
  • Rejeitos: papel higiênico, fraldas, couro, entre outros.

A principal norma brasileira para classificação destes resíduos é a norma ABNT NBR 10004/2004.

A situação dos resíduos sólidos no Brasil

Segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), dos estimados 79 milhões de toneladas de lixo gerados anualmente, só 92% chegam a ser coletadas. Cerca de 6,3 milhões de toneladas são depositadas sem controle, mesmo com a legislação brasileira que determina a destinação para tratamento e, em último caso, destinação para os aterros sanitários. 

Também segundo a Abrelpe, apenas 4% do total de resíduos sólidos urbanos no país são reciclados. Somente 18% dos municípios brasileiros realizam a coleta seletiva segundo um estudo feito pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Atualmente, o Brasil tem aproximadamente 3 mil lixões a céu aberto em funcionamento, e cerca de 730 aterros sanitários (tecnicamente adequados).

O que é um aterro sanitário? 

O aterro sanitário é um local para descartar resíduos e outros materiais que são enterrados e cobertos com solo. Hoje, apesar de termos disponíveis métodos de descarte mais sustentáveis, como a reciclagem, ainda enviamos milhões de toneladas de lixo para aterros, anualmente. Nos aterros sanitários, o solo é impermeabilizado para impedir que o chorume contamine a terra e alcance o lençol freático. Além disso, há um tratamento dos gases resultantes da decomposição dos resíduos. Tudo é feito para causar o menor impacto possível ao meio ambiente. As construções desses aterros são pautadas em normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Porém, estes aterros sanitários deveriam receber somente os rejeitos. Na prática, no entanto, eles estão sendo sobrecarregados com resíduos que poderiam ser reciclados e até cheios de matéria orgânica (como restos de comida) que poderiam ser compostados. 

Qual a diferença entre lixão e aterro sanitário?

O lixão é uma forma inadequada de armazenar os resíduos. É um amontoado de lixo no solo, ao ar livre, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente e a saúde pública. Esses locais geralmente ficam longe dos centros urbanos para esconder o problema, e alguns chegam até a ser clandestinos.

Os lixões não só são feios de se ver, mas também representam uma série de problemas ambientais, econômicos e de saúde nas comunidades locais. A variedade de materiais jogados em aterros sanitários, além dos produtos químicos que resultam da decomposição do lixo, cria uma mistura tóxica, que resulta em grandes quantidades de poluição. Esse chorume pode infiltrar-se nas águas subterrâneas e afetar o meio ambiente local. O lixo eletrônico, por exemplo, contém vários tipos de produtos químicos perigosos, incluindo chumbo, cádmio, mercúrio, entre outros. Quando descartados em lixões, esses materiais perigosos eventualmente contaminam o meio ambiente, poluem o ar, o solo e a água, impactam na subsistência de inúmeras pessoas que vivem perto de aterros em todo o mundo. 

Gente no meio do lixo

Para piorar ainda mais, nesses locais existem pessoas que vão até os lixões para coletar matérias-primas para sobreviverem, incluindo crianças. Essas pessoas procuram materiais recicláveis. Como o lixão é um ambiente que atrai insetos e pragas, essas pessoas estão expostas a doenças causadas por vermes, bactérias e insetos. Além disso, correm o risco de adoecer com alimentos contaminados e se machucarem com objetos cortantes. Segundo a International Solid Waste Association (ISWA), o Brasil gasta R$1,5 bilhão anual com o sistema de saúde pública por causa dos lixões. Calcula-se que cerca de 1% da população desenvolve doenças graças à destinação inadequada dos resíduos sólidos.

Além disso, nem mesmo o material orgânico que é jogado em um lixão é inofensivo. Ele se decompõe e libera metano, um gás ainda mais potente que o dióxido de carbono. Esse gás atua como um bloqueio em nossa atmosfera, não permitindo que o calor escape. Esse processo, também conhecido como efeito estufa, faz com que a atmosfera retenha mais calor do que antes e é um dos principais contribuintes para a crise das mudanças climáticas. 

Como o lixo altera o meio ambiente

Alterações Climáticas

Se o lixo que é despejado em aterros sanitários controlados já libera gás metano, em aterros abertos o problema é ainda maior. Além disso, a queima de grandes pilhas abertas de lixo em várias partes do mundo emite níveis perigosos de dióxido de carbono, outro gás do efeito estufa que está esquentando nosso planeta. Os pesquisadores calcularam que  aproximadamente 40% do lixo do mundo é queimado desta forma, representando riscos em grande escala tanto para a nossa atmosfera quanto para as pessoas que vivem perto desses locais de queima.

Saúde pública

A saúde humana está em risco devido ao descarte incorreto do lixo. O contato direto com o lixo pode desenvolver doenças como asma, defeitos congênitos, câncer, doenças cardiovasculares, doenças infecciosas, baixo peso ao nascer e parto prematuro. Doenças causadas por vermes, bactérias e insetos  também podem ser adicionados aos problemas que os lixões causam.

Métodos alternativos de eliminação de resíduos

Embora o aterro seja a forma mais popular de eliminação de resíduos, existem muitos métodos alternativos de gestão de resíduos eficientes, fáceis e econômicos. As empresas podem começar a compostar, reciclar e, até mesmo, reutilizar seus materiais para reduzir a quantidade de lixo enviada para aterro! Na verdade, você pode se surpreender ao saber que muitos dos materiais que atualmente são descartados em aterros sanitários podem ser facilmente reciclados, compostados ou reutilizados.

A prevenção do desperdício é a melhor opção de gerenciamento, seguida pela reciclagem. Além disso, a reciclagem beneficia o planeta, eliminando a necessidade de matérias-primas, minimizando a liberação de gases de efeito estufa e economizando energia. Quando os recicláveis ​​vão para aterros, mais recursos devem ser extraídos para substituir os materiais descartados para criar algo novo. 

No entanto, ao reciclar materiais, isso ajuda a contornar o processo de extração de matéria-prima, gera economia de energia na produção e fabricação de mercadorias. Além disso, a reciclagem leva à redução dos custos de resíduos em geral, o que ajuda as empresas a cortar custos e impactar seus resultados financeiros a longo prazo!

Importância da Reciclagem

A reciclagem é importante no mundo de hoje se quisermos deixar este planeta para nossas gerações futuras. É bom para o meio ambiente, pois estamos fazendo novos produtos com os produtos antigos que não são úteis para nós. A reciclagem começa em casa. Se você não está jogando fora nenhum de seus produtos antigos e, em vez disso, está utilizando-os para algo novo, então você está, na verdade, reciclando.

Quando você pensa em reciclar, deve realmente pensar na ideia na totalidade; reduzir, reutilizar e reciclar. Até este ponto, fomos descuidados com a maneira como tratamos a Terra, e é hora de mudar, não apenas a maneira como fazemos as coisas, mas a maneira como pensamos. A reciclagem pode beneficiar sua comunidade e o meio ambiente. 

Devemos reciclar para:

  • Ajudar a manter o ambiente limpo
  • Reduzir a quantidade de resíduos produzidos
  • Ajudar na conservação de muitos recursos não renováveis
  • Economizar energia e, assim, ajudar a evitar crises de energia
  • Impedir que aterros e incineradores fiquem extremamente sobrecarregados
  • Ajudar na criação de novas oportunidades de emprego
  • Diminuir a busca por novas matérias-primas

Desafios para o futuro da gestão de resíduos

A cada dia que passa, a população aumenta. Com isso, a quantidade de resíduos assim produzida também está aumentando. Quanto maior a produção de resíduos, maior é a quantidade de espaço necessária para despejar esses resíduos. Agora, deve ser lembrado que o espaço disponível na Terra é muito limitado e, obviamente, cabe a nós usá-lo criteriosamente.

A população crescente precisa de espaço para viver e também para cultivar o que come por meio da agricultura. Se tudo for ocupado por lixeiras e aterros, a sobrevivência da humanidade neste planeta ficará difícil. A reciclagem resolve esse problema de espaço porque, com este reaproveitamento, uma quantidade menor de resíduos é despejada e um espaço valioso é economizado.

Muitos países já resolveram ou estão no caminho correto para solucionar os problemas dos resíduos sólidos. Eles estão usando incineradores e biodigestores para geração de energia e substituindo os aterros sanitários por políticas de logística reversa e reciclagem. Alemanha, Suécia, Bélgica e Áustria, por exemplo, destinam menos de 5% dos seus resíduos para aterros sanitários.  Enquanto isso no Brasil, dada à falta de uma gestão unificada, os desafios permanecem praticamente os mesmos anteriores à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ainda estamos criando aterros sanitários, para substituir os lixões a céu aberto. Falta vontade política para implementar a efetivação da coleta seletiva, faltam incentivos e subsídios para quem estiver em conformidade ou utilizar matéria-prima de reciclados no seu processo industrial e incentivos a programas de educação ambiental para a população. O entendimento da responsabilidade compartilhada é fundamental para resolver a  problemática dos resíduos sólidos.