Um estudo que analisou a vida útil econômica de 61 metais usados ​​comercialmente revelou que mais da metade tem uma vida útil inferior a 10 anos. A pesquisa, publicada em 19 de maio na Nature Sustainability, também mostra que a maior parte desses metais acaba sendo descartada ou perdida, em vez de ser reciclada ou reutilizada.

O problema não se resume só ao volume de lixo gerado. A produção de metal corresponde a cerca de 8% da emissão total de gases do efeito estufa. A reciclagem não só aproveitaria o metal já produzido, como diminuiria a emissão de gases tóxicos.

O coautor da pesquisa e ecologista industrial da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, Christoph Helbig, lembra que a reciclagem do metal pode contribuir para a redução do impacto ambiental desse insumo. Só que, para isso, “precisamos identificar como fechar esses ciclos, saber onde esses metais estão”.

Para isso, é essencial estabelecer uma cadeia de descarte e de reaproveitamento dos metais, para que a economia circular realmente funcione.

O reaproveitamento de metais abre caminho para uma economia mais sustentável

As perdas do metal podem ocorrer em qualquer estágio de sua vida útil. Alguns são desenterrados como subprodutos durante a mineração, mas não são transformados, de fato, em itens para consumo. Outros são perdidos durante o uso, quando máquinas se quebram, ou acabam aplicados em outras substâncias, como os fertilizantes, que são dispersados no meio ambiente.

No entanto, o estudo revelou que 84% da perda acumulada de metais ocorre quando a destinação final são os aterros sanitários.

“Grande parte dos estudos anteriores que tentaram quantificar essas perdas analisaram metais individuais, sem examinar o contexto mais amplo”, diz Thomas Graedel, ecologista industrial da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut.

Helbig e seus colegas reuniram e compararam dados de várias indústrias para ver por quanto tempo diferentes metais permaneceram úteis, como foram perdidos e se provavelmente seriam reciclados.

Eles descobriram que, para muitos metais, apenas uma pequena proporção é reciclada. As exceções incluem ouro, que permanece em uso por séculos e pode ser reaproveitado muitas vezes, assim como ferro e chumbo. Vários metais que foram designados como “criticamente importantes” na União Europeia e nos Estados Unidos têm altas taxas de perda e baixas taxas de reciclagem. Isso inclui o cobalto, um componente chave de motores de aeronaves e de baterias de íons de lítio, e o gálio, que tem um papel crucial em semicondutores usados ​​em telefones celulares e outros dispositivos.

Uma maneira de aumentar a reciclagem seria exigir que novos produtos sejam feitos com metal reutilizado, diz Helbig. Por exemplo, a União Européia está considerando introduzir a exigência de que alguns tipos de bateria sejam feitos com lítio, níquel, cobalto e chumbo reciclados.

A reciclagem de ligas – misturas de dois ou mais metais – pode ser tecnologicamente e economicamente desafiadora, aponta Philip Nuss, ecologista industrial da Agência Ambiental Alemã em Dessau-Roßlau. Ainda assim, dar aos metais uma segunda, terceira ou até quarta vida é essencial para a construção de economias sustentáveis, diz Helbig.

Cenário da reciclagem de metais em solo brasileiro

No Brasil, há um alto índice de reaproveitamento de latas de alumínio. Segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), o país reaproveitou 98,7% do material produzido ao longo de 2021.

O metal pode passar infinitas vezes pelo processo de reciclagem sem perder as suas propriedades. O processo também poupa a extração de um importante minério ― a bauxita. Para a fabricação de uma tonelada de alumínio são necessárias 5 toneladas de bauxita.

Além disso, a atividade mineradora destrói a vegetação ao redor da área a ser explorada, polui rios e ar e oferece riscos de contaminação à população dos arredores da região de exploração.

Considerando a vasta aplicação dos metais em diversos produtos, é importante conscientizar sobre a importância da reutilização desse material, a fim de reduzir os impactos à natureza e promover uma utilização mais inteligente do que já foi produzido. População, catadores e indústrias precisam saber sobre o impacto desse material na natureza, como separar e dar a destinação correta, para que os resíduos transformem-se em insumos para novos produtos ou aplicações.

Fontes:

https://www.nature.com/articles/d41586-022-01467-8

https://www.reciclasampa.com.br/artigo/entenda-por-que-a-reciclagem-de-metais-deve-ir-alem-das-latas-de-aluminio#:~:text=Em%202016%2C%20foram%20recicladas%2097,al%C3%A9m%20das%20latas%20de%20alum%C3%ADnio.

https://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/reciclagem/reciclagem_de_metal.html

https://www.infoescola.com/ecologia/reciclagem-de-metais/

https://faciles.com.br/blog/reciclagem-de-metais-para-meio-ambiente-e-industria/